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A pandemia e medidas de restrições despertaram o debate sobre o futuro dos ambientes residenciais e corporativos. No artigo “O futuro do ambiente residencial pós-covid” trouxemos a perspectiva das construtoras em relação aos novos espaços residenciais. Da mesma forma, os espaços em escritórios passaram por uma reavaliação e flexibilização. Diversas empresas já sinalizaram que as transformações durante a crise tendem a permanecer no período pós-covid. O tema “home-office” nunca foi tão valorizado. Será mesmo que o home-office dominará o formato corporativo?
Raoul Thomas, CEO da CGI Merchant Group, empresa de private equity em Miami, entende que o trabalho em home-office, da forma expressiva como foi implementado durante a pandemia, não se sustenta. “Não acreditamos que trabalhar em casa seja sustentável a longo prazo, principalmente quando se trata de indivíduos com famílias, além do potencial de queda dos níveis de eficiência”, explica Thomas em entrevista ao jornal Miami Herald.
Thomas acredita que haverá sim mudanças, mas o ambiente em escritórios permanecerá. “Acreditamos que as empresas apresentarão uma demanda crescente por escritórios satélites, oferecendo a seus funcionários a opção de trabalhar em espaços de trabalho flexíveis, mais próximos de suas casas.”
A ideia de criar escritórios descentralizados, além de trazer praticidade e flexibilidade, também afasta funcionários e colaboradores dos grandes centros, regiões que trazem altos índices de infecção e contágio em tempos de pandemia.
Para as empresas, ainda há uma outra grande vantagem: baixo custo de manutenção. Bairros centrais em grandes capitais oferecem alugueis altos, entre outros custos acima da média. Regiões afastadas podem trazer ao mundo coporativo economias significativas.
A implementação de escritórios satélites em regiões suburbanas já é uma tendência nos países asiáticos, primeiras regiões a serem afetadas pela pandemia.
Em Miami, bairros como Downtown e Brickell constituem hoje o centro financeiro da cidade. Antes da crise do coronavírus, eram os bairros mais desejados pelas grandes marcas e escritórios. São também as regiões com maior densidade demográfica, problemas relacionados ao trânsito e também com mais focos de aglomeração. Thomas entende que as oportunidades no segmento corporativo da Flórida, no período pós-covid, tendem a se afastar destes grandes centros, que amargaram altos índices de infecção e contágio. Bairros como Coconut Grove e Weston já estão na mira dos grandes developers de Miami.
Regiões satélites e no subúrbio de Miami ainda oferecem excelente qualidade de vida. É lá onde estão as escolas mais bem avaliadas e os menores índices de criminalidade.
No Brasil a XP investimentos ocupou as manchetes dos jornais ao anunciar um novo estilo de trabalho, onde avalia a possibilidade de adotar o trabalho remoto de forma permanente. A empresa criou um E-book para seus funcionários com um guia prático de como trabalhar em casa. No guia, há até mesmo uma política de reembolso de despesas relacionadas à compra de equipamento de informática e materiais de escritório, as quais seriam subsidiadas pela empresa.
A XP também divulgou que pretende criar escritórios satélites e pontos de apoio a seus funcionários, colaboradores e clientes.
Ao que parece, o futuro dos ambientes corporativos foi sim impactado de forma definitiva pela pandemia. Não é possível ainda afirmar que o Home Office será implementado de forma intensiva nas empresas. Fato é que a modalidade está sendo cada vez mais valorizada, dentro de uma nova dinâmica de trabalho, mais flexível e que prioriza a qualidade de vida e proteção de funcionários e colaboradores.