A última disputa para presidência da república dos Estados Unidos foi sem dúvida uma das mais polêmicas da história. De um lado a democrata Hillary Clinton e de outro o republicado e megaempresário Donald Trump travaram uma batalha com assuntos polêmicos, escandalosos e recheada de frases ofensivas. Donald Trump, para surpresa de todos, venceu as eleições causando um espanto global, com reações imediatas no mercado de ações e inúmeras especulações sobre o impacto de seu governo nos Estados Unidos e no mundo.

 

Donald Trump Presidente

 

Nos últimos dias muitos clientes, amigos e parceiros perguntaram minha opinião sobre o futuro do mercado imobiliário nos Estados Unidos, especialmente na Flórida. Por este motivo resolvi escrever este artigo, que considera as minhas convicções sobre o assunto com base em mais de 15 anos de atuação no setor, e também a opinião de colegas, incorporadores na Flórida e outros profissionais do ramo.

Afinal, qual o impacto de uma vitória de Donald Trump para o setor imobiliário americano?

DISCURSO X REALIDADE

Primeiramente é importante distinguir a postura eleitoral daquela que será praticada por Trump uma vez eleito presidente.

Em seu primeiro discurso como presidente, Trump pareceu ter esquecido as frases ofensivas e xenofóbicas proferidas durante sua campanha. O tom agora é de união. “Agora é hora de a América curar as feridas da divisão. Temos que nos unir. Para todos os republicanos, democratas e independentes em toda a nação, eu digo que é hora de nos unirmos como um único povo (…). É o momento. ”, Trump disse, “Eu prometo a cada cidadão de nossa terra que eu vou ser presidente para todos os americanos, e isso é muito importante para mim. ”, continuou.

Outra surpresa no primeiro discurso do presidente eleito foram os elogios feitos à sua oponente Hillary Clinton (lembrando que Trump chegou a ameaçá-la de prisão caso fosse eleito). “(…) Ela lutou muito. Hillary trabalhou muito e durante um longo período, e nós lhe devemos uma grande dívida de gratidão por seu serviço ao nosso país. Digo isso sinceramente(…)”, Trump disse.

Agora que as eleições nos EUA terminaram, os mercados finalmente começam a lentamente digerir a inesperada vitória de Donald Trump para presidente. E está cada vez mais claro que o tom e o conteúdo do discurso do candidato republicano nas campanhas foram mais uma estratégia para conquistar eleitores do que propriamente um plano de governo.  Este paradoxo entre discurso eleitoral e realidade ficou evidente após o primeiro discurso de Trump como presidente.

A nova postura agradou os mercados globais com uma clara mensagem de conforto aos investidores estrangeiros e principalmente aos imigrantes, os quais foram duramente atacados durante a campanha do candidato republicano.

Esta questão dos ataques verbais aos imigrantes durante a campanha de Trump é um outro assunto polêmico que gera especulações sobre os impactos no mercado imobiliário americano. Abordaremos no próximo tópico.

POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO

Frases polêmicas, e algumas até qualificadas como xenofóbicas, temperaram o discurso de Donald Trump durante sua corrida para presidência dos Estados Unidos. O grande debate está em torno dos impactos que uma restrição a políticas imigratórias poderia ter nos investimentos estrangeiros. A discussão ganha mais importância em estados como a Flórida, onde a compra de imóveis por sul-americanos nos últimos anos teve enorme peso na economia local.

Trump criticou em sua campanha o problema da imigração ilegal que o país enfrenta. No entanto, não demonstrou ser contra políticas legais de imigração. Nem poderia! É inegável que ele reconhece a importância dos investidores estrangeiros, principalmente sul-americanos. Como empresário do setor imobiliário, Donald Trump possui diversos empreendimentos no setor, inclusive na Flórida, onde grande parte de seus clientes são estrangeiros.

O estrangeiro que investe dentro das lei e regras americanas é justamente aquele que Trump quer incentivar para continuar investindo na economia americana.

Além disso, a maioria dos investidores estrangeiros em Miami e na Flórida não tem o objetivo de morar nos EUA, mas sim de investir. São dimensões diferentes.

Nas últimas décadas os principais motivos que levaram investidores do mundo todo a investirem em Miami foram: estabilidade do mercado imobiliário, moeda forte americana, incertezas políticas e econômicas nos países de origem, potencial de valorização entre outros. São, na sua maioria, indicadores relacionados ao retorno do investimento e proteção do patrimônio. Não parece razoável, portanto, imaginar que fatores relacionados à política imigratória teriam impacto de peso no mercado imobiliário da Flórida, especialmente Miami.

Gil Dezzer, um grande incorporador da Flórida, que construiu vários empreendimentos de luxo como Armani Residences, Porsche Design Tower e também as Trump Towers, ao ser perguntado se os Latino Americanos continuariam investindo em Miami por ser uma economia estável, respondeu: “Eu penso que você respondeu a própria pergunta. Investidores Latino-Americanos estão fazendo exatamente isso. Estão investindo. Há uma pequena fração deles que de fato deixam seus negócios e famílias para traz e se mudam para cá. Eu não acredito que haverá mudanças em políticas de turismo, vistos ou imigração. Aqueles que procuram morar nos EUA provavelmente seguirão em direção ao Programa Visto Investidor EB-5. É uma operação completamente diferente de uma compra imobiliária. ”, Dezer disse.

DONALD TRUMP E O MERCADO IMOBILIÁRIO EM MAMI

Donald Trump é acima de tudo um homem de negócios e um pesado empreendedor imobiliário, além de possuir a percepção global de investidor que talvez nenhum outro presidente americano já teve. Não é de seu interesse adotar políticas que enfraqueçam ou prejudiquem qualquer setor da economia, especialmente o setor imobiliário. Muito pelo contrário! É grande a expectativa no mercado imobiliário de que Trump, uma vez presidente, usará de sua influência e poder para adotar políticas favoráveis para o setor.

Em seu plano de governo Trump quer adotar medidas que reduzam a carga tributária, encargos e excesso de regulamentações no país. Tais medidas trariam como consequência mais renda e poder de consumo para as famílias, impactando positivamente a economia americana. Mais renda, mais consumo e empregos são indicativos de uma economia forte e sustentável, o que acaba atraindo mais capital estrangeiro. No que diz respeito ao setor imobiliário, a expectativa é de que haja valorização dos preços das propriedades a longo prazo.

Ezra Kats,  CEO do Aztec Group, um banco de investimentos imobiliários em Miami, está otimista: “Nosso futuro presidente é uma pessoa com conhecimentos profundos do setor imobiliário e construção, e ele entende o mundo do mercado imobiliário melhor do que qualquer outro político (…) “, disse Katz TRD. “Ele vai gerar empregos, o que é positivo para nós e positivo para a indústria, além de melhorar as oportunidades para que os investidores estrangeiros considerem o Sul da Flórida como um investimento sustentável”.

A opinião da AMG International Realty é que Miami continuará sendo um sólido e seguro mercado para investimentos em imóveis, como já é há décadas. Os indicadores continuam fortes e, comparativamente a outros mercados globais, é difícil encontrar um que reúna tantos aspectos favoráveis para o capital estrangeiro como Miami. A chegada à presidência dos Estados Unidos de um empresário global com sólida experiência no setor imobiliário é apenas mais um sinal de que agora é um bom momento para se considerar investir em Miami.

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